19.3.09

Peugeot 206... renascido.

...ou devo dizer "ressuscitado"?




O lançamento do Peugeot 206+ é curioso sob muitos pontos de vista. Acabo de vir da respectiva apresentação à imprensa, onde naturalmente a maiora das questões pertinentes foram suscitadas.
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1. Será este o carro low-cost da Peugeot? Sim e não. Os responsáveis negam que o 206+ esteja para a Peugeot como os Dacia estão para a Renault. Porque - dizem - este carro não é feito fora da Europa. É feito em Moulhouse como muitos outros Peugeot. Isso é verdade, mas não é menos verdade é que um Dacia não é low-cost só porque é feito na Roménia; é-o também porque usa a plataforma, os componentes e as mecânicas dos antigos Clio ou Mégane. Tudo o isso está pago do ponto de vista do desenvolvimento e é muito mais barato do ponto de vista da fabricação. Isso vale também para o 206+, que, apesar da cosmética, não deixa de ser um carro projectado há mais de 11 anos. Por isso é que pode ser barato.
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O 206+ é uma manobra táctica de resposta à crise? Os responsáveis da marca dizem que não; que este projecto já estava pensado há muito tempo. Mas admitem que chega na altura ideal para enfrentar a quebra de vendas do sector. Mas na verdade não precisam de o negar: mesmo que fosse/seja uma manobra táctica, é uma manobra inteligente.
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3. Não irá o 206 "canibalizar" o 107 e sobretudo o 207? Os responsáveis da Peugeot acham que isso pode acontecer, mas esperam que a soma das vendas dos três modelos seja superior ao que era antes. Mas admitiram que não é fácil vender 3 carros no mesmo segmento de mercado. Porque de facto é disso que se trata: 107, 206+, 207. No nosso mercado, apenas a Citroën tem uma oferta semelhante. E quando questionados sobre se essa canibalização podia afectar mais o 107 ou o 207, não quiseram ou souberam responder. Eu responto: o 206+ está muito mais próximo do 207 do que do 107, sob todos os pontos de vista. Mais: entre os 12 mil euros que custa o 206+ com motor 1.1 a gasolina(60cv) e os 18 mil do 207 1.4 HDI vai uma grande diferença. O primeiro pode ser o maior concorrente do segundo, sobretudo no quadro de inversão da tendência de dieselização (em Fevereiro essa tendência já se inverteu neste segmento). Apesar de não ter motores abaixo de 1.4, o 207 continua a ser um dos mais vendidos em Portugal.
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4. Os clientes vão aceitar um carro "velho" como o 206? A isto os responsáveis da Peugeot responderam com um estudo que dizem que fizeram indicando que o 206 é um carro com forte carisma no mercado. E falaram nos vários clubes 206 que existem por aí. Acontece que, embora muito popular no seu tempo. o 206 perdurou na mente dos consumidores por causa das suas versões desportivas e de um chassis que ficou famoso por aguentar quase tudo. Daí os clubes. Acontece que esses "saudosistas" do 206 a última coisa de que querem ouvir falar é de um 206 1.1 de 60 cv. Isso é quase ofensivo para o carisma que o carro de facto tem (e que já vinha do 205 e que em parte passou para o 106).
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Ou seja, a aposta da Peugeot com o 206+ é interessante e merece ser acompanhada no futuro. Mas não é isenta de dúvidas e de alguns riscos. A ver vamos...