24.7.08

O futuro dos combustíveis

J. Craig Venter é provavelmente um desconhecido no mundo dos automóveis.

Mas quem acompanha os desenvolvimentos da engenharia genética conhece-o bem. Para além de ser um dos maiores especialistas na matéria tornou-se famoso, há alguns anos atrás, por ter sido um dos primeiros a sequenciar o genoma humano, competindo num projecto privado (com fins lucrativos...) com as equipas governamentais que procuravam o mesmo objectivo. Ao que parece, na altura isso não caiu nada bem junto da comunidade científica. Pouco tempo depois Craig Venter criou uma fundação para investigação genética e associou-se a outras pessoas para lançar uma empresa privada para explorar as potencialidades deste "negócio".

"E o que é que isto tem que ver com automóveis?", perguntar-se-á. É simples: o mais recente projecto deste senhor é, simplesmente, mudar a maneira como o mundo funciona do ponto de vista na energia. Em vez de procurar alternativas ao petróleo para reduzir as emissões de CO2, o que Venter pretende é "inventar" geneticamente um organismo capaz de se alimentar de CO2 (reduzindo assim a respectiva quantidade na atmosfera) e emitir metano ou outra forma de energia que possamos utilizar no nosso dia-a-dia. O projecto parece utópico, mas Venter está muito seguro do que diz. Ao ponto de afirmar que terá criado a primeira forma de vida artificial até ao final do ano e precisa de apenas mais 6 meses para oferecer o primeiro combustível sintético. Nesta apresentação nas conferência TED, no início deste ano, Craig Venter explica como tudo funciona. O que mais nos interessa, a quem se interessa pelas questões dos automóveis, está a partir do minuto 13:15.



No fundo trata-se de fazer algo de muito parecido ao que faz a fotossintese das plantas. Ao longo de milénios, a natureza preparou as plantas para capturarem o CO2 da atmosfera e libertarem oxigénio usando a energia do sol. O que Venter acredita é que os avanços da genética permitirão, a curto prazo, replicar esses mecanismos e criar de raiz organismos (como as plantas) capazes de fazer aquilo que forem desenhados para fazer. Nesse quadro, que sentido fará pensar em combustíveis alternativos, fuel cells, energia eléctrica ou mesmo nuclear. O futuro está nos genes. Manipular os genes é manipular a vida. É isso que torna as ideias de Craig Venter tão interessantes como assustadoras.

Suspeito que ainda vamos ouvir falar muito deste senhor...