30.10.07

As soluções ambientais

Na edição da Automagazine que actualmente está nas bancas , temos em teste dois modelos que ilustram bem as soluções propostas por duas das mais emblemáticas marcas do mercado europeu para o problema das emissões poluentes.

Através com contacto com o Mini Cooper D com pacote Efficient Dynamics, testamos a proposta da BMW, que aliás já tinha passado pelas nossas páginas com o emblema da marca bávara, e, através do Passat Bluemotion, tomamos contacto com a alternativa da VW, que também será extensível a outros modelos da marca.
O que cada um destes automóveis vale é o que está nos respectivos testes. Mas a reflexão que eu penso que se impõe é esta: será isto tudo o que a indústria tem para oferecer? Afinal, estamos perante automóveis que se ligam e desligam nos semáfros e têm mais ar nos pneus do que é normal. É ridículo! Claro que cada um deles tem mais detalhes do que apenas estes dois. E claro que, no conjunto, têm um efeito de "combate ao desperdício" que não é negligenciável e cujos reflexos no ambiente e na economia são positivos.


Mas, sendo a indústria automóvel uma das mais importantes no mundo da economia global, com alguns dos maiores investimentos em investigação e desenvolvimento e os melhores engenheiros ao seu serviço, não seria de esperar que nesta altura tivesse algo mais para apresentar ao consumidor? Parece-me que sim.
Onde estavam os engenheiros das marcas de automóveis há 10 anos atrás? Não era já perceptível nessa altura que a médio prazo seriam necessárias alternativas ao petróleo, tanto do ponto de vista ambiental como do ponto de vista económico (resultado do acréscimo de preço gerado pela perspectiva do seu esgotamento)? Recuso-me a acreditar que tenha sido necessário esperar por Al Gore para a indústria automóvel despertar para este problema. Al Gore talvez tenha servido para despertar as consciências da opinião pública mundial, mas é de esperar que uma indústria que gere - e gera - milhões tivesse um quadro claro da situação muito antes de Al Gore.

Claro que há investigação a ser feita e claro que há muitos anos conhecemos protótipos que exploram novos caminhos em termos de locomoção. Mas os seus resultados práticos são quase nulos. Nesse aspecto, os únicos que souberam reagir a tempo foram os japoneses - Toyota e Honda - com os híbridos, mesmo assim com uma aposta que agora já devia ser mais afirmativa.

Onde estão fuel cell de que há tanto tempo se fala? Onde estão os eléctricos? Onde estão os biocombustíveis? Há novas sugestões de locomoção ou apenas tentativas de alimentar de maneiras diferentes os carros actuais? Acho que, perante a dimensão e a importância da indústria automóvel, devemos ser exigentes com ela. E se formos exigentes, não podemos deixar de concluir que aquilo que o sector tem para propor aos consumidores em termos ambientais é realmente muito pouco.

Nem sequer é preciso sair da indústria automóvel para ter um termo de comparação. Com siglas como o ABS e o ESP e dispositivos como o airbag e os pré-tensores, a evolução da segurança dos automóveis foi exponencial ao longo dos últimos anos. A seu tempo, o ABS, o airbag ou o ESP foram elementos revolucionários. Estão para a segurança dos automóveis como as fuel cells ou a energia eléctrica estariam para a locomoção. E hoje, são um dado adquirido no dia-a-dia das pessoas. Mais: com o advento da electrónica e dos sensores, os automóveis estão no limiar de se tornarem literalmente isentos de acidentes. Tecnicamente isso já é possível e só ainda não foi materializado na prática porque a tecnologia tem que ser testada e há muitas questões de índole social, política e até filosófica que precisam de ser esclarecidas (essa é outra discussão...).

Ao pé disso, o que significam um motor que se desliga nos semáforos e um automóvel cujos pneus geram menos atrito. Significam pouco menos que nada!